sexta-feira, 16 de outubro de 2009

SOL DE TODO DIA

FÉ CEGA, FACA AMOLADA (Milton Nascimento)

Agora não pergunto mais aonde vai a estrada
Agora não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada

Deixar a sua luz brilhar e ser muito tranquilo
Deixar o seu amor crescer e ser muito tranquilo
Brilhar, brilhar, acontecer, brilhar faca amolada
Irmão, irmã, irmã, irmão de fé faca amolada

Plantar o trigo e refazer o pão de cada dia
Beber o vinho e renascer na luz de todo dia
A fé, a fé, paixão e fé, a fé, faca amolada
O chão, o chão, o sal da terra, o chão, faca amolada

Deixar a sua luz brilhar no pão de todo dia
Deixar o seu amor crescer na luz de cada dia
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser muito tranquilo
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

AMOR

Porta Aberta

Sou uma mulher de sorte
Porque amo intensamente, até a morte
Cada amor como se fosse eterno
Sem calendário
Sem passado
Sem medo
Medo sim eu tenho de não tê-lo
De não amar para não sofrer
Porque sem amor, ah! Assim eu sofro.
Por isso sempre deixei as portas abertas
Para alguém morar em mim
Trocar tudo de lugar
Bagunçar minha vida
Entrar sem bater
E ficar...
E tirar toda poeira que um outro me deixou
E quando o amor chega
Me abre todas as janelas
Os braços, as pernas
E eu então já não me suporto sozinha
Não caibo em mim
Transbordo
E preciso do outro para me derramar
Para me tomar assim,pela cintura, como vinho tinto
Com prazer e com vontade
E me embriagar
E me arrancar as mesmas promessas
Que sinto nunca ter feito à ninguém
Porque quando eu amo
Sou sempre outra

Angela Ribeiro

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

ERA UMA CASA

- Você já vindo pra casa?
- Tô esperando a carona...
- Vem logo. Vem de ônibus.
- Não, tô com medo da gripe suína.
- Que gripe suína nada, vem logo, tenho uma surpresa.

A carona. O trânsito, três ligações.

"Tá chegando?", "Já tá perto?", "Que demora!"

Cheguei. Em cima da cama um demaquilante incrível. Novinho em folha, daqueles que tiram até sobrancelha. Um presente! Mas essa não era a surpresa. Achei melhor usar depois do banho, antes de dormir.

- Olha, vamos, preciso te levar num lugar. É lindo, que bom que o carro está quebrado, assim você vê melhor o caminho. Escuta melhor os pássaros. Sente melhor o cheiro das folhas. Ah, tem um salgueiro na porta! Vem, vem...

Tomamos o metrô até a estação Sumaré.

- É perto do metrô?
- É sim, bem pertinho.
- Tem subida?
- Não, tem não...

Voltas, árvores, pássaros, subidas, descidas, abraços. Promessas.
Chegamos em uma praça íngrime, de lá de cima dava para ver boa parte de São Paulo.
Um lugar que nunca tinha visto. Fui me equilibrando um parapeito, meio criança. Ele me dea a mão e me sinto assim.

- Imagina só, nossos filhos aqui, andando de bicicleta.

Silêncio. Imagens. Projeções. Olhos dágua.

- Vem, vem, ainda não chegamos, isso é só uma parte.

Chegamos em frente a uma casa branca, imensa, uma mansão.

- Olha, é aqui que a gente vai morar, o que você acha?
- Meu bem, essa casa é gigante. Deve ser uma fortuna. Você perguntou o preço?
- Não vou ligar amanhã.

Numa tentativa de não deixá-lo tão frustrado, eu iniciei um jogo.

- É deserto por aqui.
- Não, é do lado da avenida.
- É escuro.
- Está cheio de guaritas, você não viu?
- Não tem muita coisa perto...

Ele viu um guardinha.

- Moço, tem farmácia e mercado aqui perto?
- Sim, a duas quadras...
- Viu?!

E voltamos para casa, pensando, fazendo planos, pensando, subindo, descendo.
Tomei banho e fui deitar.

- Ei, você não vai usar o presente novo?
- O demaquilante?
- É!
- Não... hoje eu quero dormir com os olhos borrados se sonhos...

Ps: No dia seguinte recebi a mensagem no celular "um milhão e quinhentos mil, rs"

quinta-feira, 23 de julho de 2009

FEZ-SE?

Minha gente, o que houve com o twitter? Mês passado era a última bolacha do pacote e, venhamos e convenhamos, nem é para tanto assim vai... Para ler "faço carne ou frango?", prefiro deitar na minha cama e ler "ser ou não ser eis a questão". Prefiro mil vezes o blip.fm, que pesca as minhas musiquinhas 80 que nunca mais tinha pensado em ouvir e me traz de presente assim, num piscar de olhos, com cheirinho de Jazz (o perfume de homem que toda menina já usou)! Tipo qual? Hum... Tipo "O que que ela tem que eu nnao tenho" do Afrodite se Quiser. Se existe isso? Sim, claro. Dê uma busca no google e me cruxifique por ter tido a coragem de revelar que gosto. Aliás, gosto de Ritchie também, e muito! Quase morri quando ganhei um disco dele aos 8 anos e percebi que na capa do vinil ele usava uma aliança. Juro. Bom, voltando ao twitter... o que houve? Porque todo mundo agora só fala no Facebook. Só hoje três pessoas me perguntaram se eu tenho. Só esta semana duas dezenas de pessoas me mandaram convite. Só ontem eu pensei umas dez vezes em fazer um. E ainda estou pensando. Hotmail, gmail, flickr, orkut, twitter, lastfm, blip.fm, myspace, msn, gás, telefone, net, tim, eletropaulo, estacionamento (vezes 2), condomínio, cartão de crédito... só de saber que facebook também é um conta e que é mais uma coisa para gerenciar, eu tremo. Amigos, marquem encontro em outro lugar que eu possa ir. Me deixem pensar mais um pouquinho, vai?

segunda-feira, 20 de julho de 2009

CARTA DO DIA, O CEIFADOR.

A importância de deixar ir

Cultivar o desapego é um dos conselhos fundamentais dado pelo arcano chamado "O Ceifador". Existem momentos da vida em que somos desafiados a perder cascas, a compreender a importância de caminhar, deixando paisagens para trás. Ainda que isso doa, uma vez que o nosso ego se estrutura a partir de apegos e identificações, é a compreensão mediativa de que tudo passa que lhe permitirá seguir caminhando e, enfim, abrir-se ao novo que belamente se introduz em sua vida, pouco a pouco, passo a passo, até que você apareça com a alma totalmente renovada. Procure se interiorizar neste momento, evitando grandes atividades sociais. Faça este contato com o núcleo da sua alma e você entenderá quais são as coisas que precisam ser deixadas para trás.

Conselho: Viver é perder cascas continuamente!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A DIMENSÃO DA ARTE

Os grandes criadores são grandes em suas atitudes.
São enormes na forma de compreender o outro e imensos quando declaram seu amor em cena.
Os grandes criadores leem a alma e transformam em ferramenta de trabalho toda a sua vontade de compreender o ser humano.
Os grandes criadores são profundos e honestos com a sua verdade. São incentivadores do prazer e da satisfação plena quando tratam de algo que realmente acreditam.
Os grandes criadores agregam, eles têm o poder de reunir gente, amor e conhecimento, porque sabem que o pensamento do outro é tão indispensável quanto o seu. E que, sem conhecer o outro, é impossível se ter um parâmetro do que é dignamente apreciável. Sem competir, fazem isso simplesmente para apreender. E quando admiram, assumem a sua admiração em sopros de homenagens quando criam.
Os grandes criadores quando olham a sua volta, enxergam no outro a possibilidade de transformar e ser transformado. E é isso que os alimenta. Que os mantêm vivos.
Os grandes criadores nunca se prendem por paredes construídas por eles mesmos. Eles querem derrubá-las e construí-las todos os dias, de uma nova forma, mas sempre mantendo a mesma base, o mesmo chão: seu compromisso com a arte, com a vida.
Muitas vezes vamos vê-los chorar assistindo o outro. E rir. E agradecer. E continuar.
Os grandes criadores não param dentro de si. Seus relógios avançam em direção a algo muito maior. E sem perder a humildade, eles se tornam maiores do que o seu próprio mundo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

FRIO QUE DÓI

Alguém pode desligar o ar-condicionado da Paulista?

ARRAIÁ DA SIMPATIA



Gente, tem quadrilha em homenagem a parada, cumpadi com cumpadi, cumadi com cumadi. Vem ver!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

BEIJO NO ASFALTO

Depois de três anos aguardando por uma vaga o prédio, ela veio. Meu mantra diário valeu a pena. E lembro de todas as vezes que voltei para casa de manhã, e a Ana Amélia dizia "égua, um dia tu ainda vais ter uma vaga aqui, ninguém merece chegar a essa hora e ainda ter que pagar o mico de tropeçar na frente de todo esse povo indo trabalhar". Olha, acreditem ou não, dia 1º de junho, exatamente um ano depois da Nêga ter ido para lá, onde moram os anjos, eu cheguei na portaria e tive essa fabulosa notícia:

- Ô dona "Angila", não precisa mais dizer que vai ficar grávida só pra conseguir uma vaga, ela é sua!"

- Ãh? Engraçadinho... (eu já tinha pisado no primeiro degrau da escada mentalizando isso), segunda-feira, um frio do caramba... não é dia de brincadeira não. Humpf.

- Suas vizinhas vão mudar. Deram prioridade pra você.

- ... AHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!! Obrigada meu Deus, obrigada Nêga, obrigada Obama!

- Mas, olha... não queria falar nada não mas... bem... o bebê sabe? Já tá na hora mesmo né?

sexta-feira, 29 de maio de 2009

MEU MUNDO DIMINUIU

Ouviu o som da torneira aberta e levantou para ver se ela tinha voltado. Com dificuldade calçou o par de chinelinhos mostarda desbotado, apoiou as mãos na cama e num impulso alcançou o teto do céu.

Num compasso acelerado chegou até a porta. Pôs uma das mãos da maçaneta. Abriu um sorriso. Uma brecha, um suspiro. O coração não, o coração ele deixou bater forte, como o vento. Os olhos chegaram até a porta do banheiro que estava entreaberta. A torneira continuava com um pequeno vazamento, não havia ninguém lá dentro, escorria água pelo rosto. O ralo estava entupido e ele estava pronto para transbordar. A vontade era de voltar para o quarto e continuar pensando que ela tinha voltado, que estava lavando cuidadosamente as mãos para preparar os bolinhos de chuva que ele tanto gostava.

Decidiu ir até a cozinha e ele mesmo preparar a receita da avó, que foi da mãe, da esposa, da filha, da neta... A receita antiga era a ponte frágil que ele usava para se equilibrar e encontrar todas elas em uma grande festa!

Na sua janela em frente ao fogão, um broto de feijão plantado por pequeninas mãos numa escola de bairro. Um presente. A plantinha estava seca. Não chovia e a torneira do banheiro continuava pingando lembranças, uma a uma. Era inverno mas não era, fazia calor. Ele não conseguia compreender, não tinha ninguém para explicar o que acontecia no mundo. No seu mundo. Todos os pares de meia reservados para o frio estavam ali em forma de bolinhas de natal em família, intactos na gaveta, arrematados por mãos muito delicadas.

Chovia muito dentro dele. Abriu a janela para respirar. O céu estava cinza, o sol dourado, o arco-íris pálido tinha apenas duas cores, preto e branco. Uma fotografia de uma época que ainda não tinha chegado na sua TV, emoldurada em forma de notícia.

A chuva estava cada vez mais forte. Correu na velocidade do seu tempo e recolheu tudo, as roupas brancas do varal, os bolinhos, as lembranças, o vento, o broto de feijão, tropeçou numa pérola de um colar arrebentado pelos anos, alcançou uma caixa onde morava uma bailarina e guardou tudo. Seu mundo todo estava ali, reunido, traduzido numa valsa perfeita para dançar assim, olhando nos olhos dela.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

AMOR MAIOR QUE O MUNDO

Tem gente que amo tanto, tanto, tanto que nem consigo sequer descrever a quantidade de imagens coloridas e palavras gigantes que aparecem na minha mente quando penso nelas. Minha cabeça parece um baú de brinquedos e eu vou dançando no meio de todos eles ouvindo a música mais incrível do mundo. É assim que sinto.

VIVA

Dia desses parei para pensar na morte. Ela tem me atropelado tantas vezes que resolvi tentar compreendê-la, mesmo em vida. Estar vivo não significa estar aqui, neste planeta, não mesmo. Mas se manter vivo nele é importante. Se fazer presente enquanto se pode tocar, abraçar, beijar é o tamanho da sua vida aqui depois que morre. Eu vivo coisas com meus amigos que já morreram, vejo fotos, escuto músicas, danço como antes e muitas vezes estas lembranças me arrancam sorrisos. E me sinto viva, com cada uma destas pessoas. Reproduzo coisas que me fizeram feliz, tentando entender que o que estas pessoas deixaram e é isso que também me preenche aqui. E tem gente que está aqui, neste planeta, com todas as oportunidades de se fazer vivo e não o faz. Essas pessoas sim, mesmo vivas, me fazem querer esquecê-las. Compreendê-las é mais difícil do que a própria morte.

terça-feira, 5 de maio de 2009

DIA DE SOL

Esqueci de tomar o remédio ontem a noite. Hoje meu pé (que comporta dois dedos quebrados) amanheceu doendo e hoje meu carro quebrou também. Hoje a USP entra em greve, ou seja, justo hoje, com dedos e carro quebrados, vou ter que andar de meia hora a vinte minutos lá dentro. E hoje eu também não posso tomar um táxi porque o quinto dia útil do mês não é hoje, é sexta (sábado conta como dia útil?).

Eu ia pegar este trecho que você acabou de ler para postar no VDM (http://www.vidademerda.com.br/), mas hoje, na hora do almoço, minha mãe ligou dizendo que minha avó, que estava internada, já está em casa, se alimentando bem e que permitiu até que lhe passassem perfume e batom. Ah! E que cruzou elegantemente as pernas num passeio para ir embora do hospital.

VDM, fica para a próxima.

sábado, 2 de maio de 2009

ANTIGA CASA

Acabo de mudar do www.confabulangel.zip.net para cá, se quiser ver os antigos posts, o caminhão de mudança ainda não passou para retirar.

Beijos.

PÉ DIREITO

Primeiro, bem-vindos ao confabulangel de cara nova, presente do meu talentoso amigo CAJO ou Cleber. Confesso que, depois de todas as tentativas em personalizar o confabulangel no UOL, resolvi mudar de endereço. Sim, toda mudança é dolorosa mas o cheirinho de casa nova já me faz pensar num inverno delicioso regado a muito vinho e posts quentinhos.

Bem, e para inaugurar o novo endereço, um acontecimento recente que me deixou muito feliz.

Dia 30 foi o Show de Calouros da EAD. Saldo: um coração transbordando de alegria e dois dedinhos do pé quebrados, do direito, é claro. Foi com ele que resolvi entrar, mas a força e a emoção foram tantas que nem percebi a placa de chumbo enorme que segurava uma das cortinas. Valeu a pena mesmo assim.

No meu orkut tem algumas fotos e uns vídeos se houver curiosidade.

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