terça-feira, 20 de setembro de 2016

DANÇA INVISÍVEL

I  n f l amáveis

N ó s

Q u a d r i s

U m

I  mpeto

E fême ro

T e m

U m a

Dur ação


E terna

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

ABISMO

ambos estavam no abismo
um em cima, com os pés no chão
o outro com os pés no ar
seguravam as mãos com força
para que não caíssem
faziam uma força absurda
juntos
se olhavam profundamente
e aos poucos, acabaram se soltando
não deram conta do peso
um ficou, o outro caiu
se viram caindo até o infinito
e então espatifaram-se
cada um no seu lugar

terça-feira, 13 de setembro de 2016

SO!LÚ!ÇO!

Começou assim.
Três pontos e um vazio.
Não se falava nada.
A gente nem sabia o que perguntar.
Falávamos “coisas pássaros”, sabe?
Você fala e elas flutuam, seguem sem rumo, se tornam pássaros.
Solta-se algo no ar e deixa-se ir, não se tem resposta e nem se sabe porque se perguntou, são frases livres de qualquer retorno.
Ficamos parados, frente a frente.

– Faz quanto tempo que você não morre de saudades de mim?
– Morro?
- Morre?
– Mas… é preciso morrer?
– Sim.
– Eu não sei.
- Eu sabia.
- Sabia?
- Claro!
- Essas coisas a gente sente
- Mas eu sinto saudades
- Tô falando de uma coisa maior, um arrependimento de não ter ficado, de não ter me levado, de não ter pensado nisso tudo antes, de ouvir a minha voz, de sentir o meu cheiro, de olhar a minha foto 3x4 sempre que alguém não está olhando, de olhar as coisas e lembrar de mim… de desejar que eu estivesse, de me ligar e o coração acelerar, de se preparar para nosso reencontro.
- Você sente tudo isso?
- Já senti.
- Desse jeito?
- Muda um pouco de caso a caso.
- Você já sentiu isso muitas vezes?
- Algumas.
- Por mim?
- Também.
- Você já sentiu isso por muita gente?
- Por umas três pessoas.
- E eu sou uma delas?
- Já disse que sim.
- Mas desse jeito assim?
- Parecido. talvez as mesmas coisas mas em intensidade diferente.
- Será que eu nunca senti isso?
- Acho que sim, mas não por mim.
- Mas porque você fala isso?
- Porque conheço muito de você, até o que você quer quando faz a barba e corta o cabelo.
- Ah e o que é?
- Mudança.
- De quê?
- De qualquer coisa.
- Ninguém tem necessidade de mudar qualquer coisa.
- Mudar tudo então, melhorou?
- Melhorou.
- E tudo não pode ser qualquer coisa já que tudo é tudo?
- Depende do ponto de vista.
- O meu ponto de vista agora é que mais uma vez você quer ter razão e isso me esgota.
- Não, você está completamente enganada. Eu quero entender o que você está falando. Se eu pergunto você acha que quero ter razão. Seu eu não pergunto você acha que estou cagando.
- E não está?
- A gente começou falando de saudade e agora tá falando de merda, é isso mesmo?
- No final das contas, saudade é uma merda mesmo. Ainda mais quando a saudade é daquilo que você não tem mais, mesmo que aquilo esteja na sua frente, na sua cama, dentro de você.
- Dentro você diz, sexualmente?
- Também.
- E qual o outro jeito poderia ser dentro?
- O coração, ou o meu tá pra fora?
- As vezes quase sai pela boca.
- Ah claro, devo ser muito explícita mesmo.
- As vezes sim.
- E isso é bom ou é ruim?
- Depende do ponto de vista. Tudo é relativo.
- Meu deus! Estou trepando com a reencarnação do Eisten e nunca percebi. Só espero que o pau não caia.
- Trepando? É isso que você acha que a gente está fazendo quando tô dentro de você?
- Também.
- Explícita.
- Eu gosto de sacanagem, por isso gostei de você. Foi a maior sacanagem que eu poderia ter feito comigo mesma.
- Nossa! Eu sou tão péssimo assim?
- Nunca disse que sacanagem era ruim.
- Tá vendo? Ponto de vista.
- A gente nunca vai ter o mesmo ponto de vista nenhuma vez em toda a nossa vida?
- A gente tem as vezes.
- É, mas parece soluço, vem e passa. E passa com susto, isso é o mais phoda. Quase uma pixada de tapete.
- A gente gosta de vinho.
- É, a gente gosta.
- A gente gosta de transar.
- Eu de noite, você de manhã.
- A gente gosta de música.
- É a gente gosta.
- Você gosta de dançar.
- E você não.
- Mas eu gosto de te ver dançar, isso não conta?
- Conta, mas as vezes eu quero dançar com você. E tudo o que você gosta de fazer mais na vida é sem mim.
- Nossa, que exagero.
- Ué? Eu não sou explícita? Olha… até que não é ruim ser explícita, pensa. Você é pornográfico.
- Eu?
- É, cê tem uma capacidade tão grande de foder com tudo que chega a ser pornográfico.
- O que você tá fazendo comigo então?
- Meu coração tá na boca?
- Agora?
- É?
- Quase.
- Você faz eu me sentir viva. Faz doer a minha cabeça de tanto pensar, faz meu estômago se retorcer inteiro. Não sei explicar. Fica uma coisa aqui dentro mexendo.
- Nossa, você me causa tantas outras coisas.
- É, o que por exemplo?
- Você sabe, tesão, amor, saudade, te admiro, gosto do seu cheiro, da sua bunda, dos seus desenhos, das músicas que você gosta, das cores das suas roupas, você é o amor da minha vida.
- Fala mais.
- Gosto da sua comida, até quando você erra alguma coisa fica bom. Gosto de te ver dormir, acordar, tomar banho, da sua letra, das suas mensagens.
- Sério mesmo tudo isso?
- Sério.
- Nossa, então, você tem tudo pra morrer de saudades de mim.
- É, eu tenho. Eu morro. É que a gente nunca ficou longe muito tempo.
- O que você acha da gente dar um tempo pra ver se você morre mesmo?











segunda-feira, 5 de setembro de 2016

  s i l ê n c i o  


eles pedem
- se aquiete!
mas como hei
de aquietar
a inquietude?

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